Pincéis, esponjas e outros apetrechos de maquiagem correm o risco de ir para o fundo da gaveta. Inventado nos Estados Unidos, em 1879, como retocador de fotos, o airbrush agora serve para pintar o rosto. Trata-se de uma espécie de pistola que, ligada a um compressor de ar, borrifa micropartículas de cosméticos. O resultado é uma maquiagem mais natural e discreta. No Brasil, esse uso para o equipamento ainda é novidade, tanto que poucos profissionais dominam a técnica por enquanto. Com a chegada da TV digital, a tendência é que o número se multiplique, diante do inevitável aumento da demanda no meio artístico – e, a partir daí, entre as consumidoras. Explica-se. Na imagem em alta definição, poros, marcas de expressão, manchas e rugas ficam mais evidentes. Com o airbrush, esses sinais são atenuados. Desde o ano passado os maquiadores da TV Globo fazem curso para aprender a trabalhar com a nova tecnologia. Na novela Duas Caras, os ensinamentos já estão sendo colocados em prática. Atrizes como Betty Faria, que na trama interpreta Bárbara, viraram fãs. "Minha pele é muito sardenta porque amo o sol", diz ela. "Além de disfarçar bem as pintas, a técnica fixa melhor o produto, e não preciso ficar retocando toda hora."
O maquiador e produtor de efeitos especiais Mário Campioni vai mais longe. "A cobertura da pele fica perfeita e o efeito, bem transparente e leve", afirma. Artista plástico por formação, Campioni começou a trabalhar com aerógrafo há mais de dez anos. Em 2001, durante uma palestra com um maquiador belga, viu que o aparelho que usava para pintar esculturas poderia também maquiar o rosto humano. Virou especialista no assunto e mantém um curso em seu ateliê, em Jacarepaguá. "Saber trabalhar com o aparelho virou um diferencial nos salões de beleza", diz. "Em seis meses, maquiei mais de quinze noivas." O equipamento custa caro: 3 200 reais. É preciso ainda comprar potes de base, corretivo e sombra. Cada frasco, com 150 mililitros, sai por 180 reais. No exterior, o compressor é vendido a 500 dólares (846 reais) e os cosméticos, a 20 dólares (34 reais). A marca alemã Kryolan foi a primeira a trazer o equipamento, há cinco anos. Na época, vendia dois aerógrafos por ano. Atualmente, só na loja Shampoo Cosméticos, em Ipanema, comercializa dois por semana. Muita gente, é claro, traz a maquininha quando viaja para fora.
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